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Suster um espirro é perigoso? Conheça os riscos

28 Set 2023 - 11:14

Suster um espirro é perigoso? Conheça os riscos

Tapar o nariz e a boca para bloquear, travar ou suster um espirro é uma prática comum, sobretudo quando estamos em contextos em que não estamos tão à vontade ou que pedem o mínimo de barulho possível. No entanto, é comum ouvir-se dizer que esta prática pode ser perigosa para a saúde.

Este alerta surge associado a alegações de que tentar travar um espirro pode levar ao rasgamento de vasos sanguíneos no cérebro, à rutura de um aneurisma e até à quebra de ossos das costelas.

Mas serão fundamentados os conselhos para que não se prenda o espirro? A ciência confirma que suster um espirro pode provocar danos na saúde?

Suster um espirro pode ter consequências negativas para a saúde?

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Antes de mais, importa explicar que o espirro é um mecanismo do organismo para eliminar possíveis contaminantes nos canais respiratórios, em particular nas vias da nasofaringe, através da expulsão de ar a grande velocidade.

Pela natureza do próprio espirro, a pressão do ar expelido tem uma elevada intensidade. Assim sendo, não é recomendado que se sustenha o espirro porque, de facto, existe o risco de ocorrer lesões associadas à pressão do ar que deveria ser expelido. 

No entanto, adianta o pneumologista e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia Tiago Alfaro, as lesões são “mesmo muito raras”.

Apesar de reiterar que é raro haver danos ao suster um espirro, o pneumologista sublinha que “o melhor a fazer é não tapar o nariz e a boca durante um espirro, porque podem acontecer algumas complicações que pensamos estar relacionadas à pressão do ar”.

Isto acontece porque, ao tapar as vias respiratórias (nariz e boca) para suster um espirro, “a ar não tem para onde ir”, o que aumenta a pressão e pode forçar algumas estruturas do organismo. 

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“É como se estivéssemos a apertar um balão, sem que o ar possa sair: a pressão sobre o balão aumenta”, compara o pneumologista.

Um grupo de investigadores realizou simulações computorizadas de vários cenários de espirros para perceber a pressão que o ar exerce na via respiratória superior e na cavidade oral. O artigo, publicado em 2016, concluiu que o ato de tapar o nariz ou a boca quando ocorre o espirro pode aumentar entre cinco e 24 vezes a pressão de um espirro normal

Noutro artigo, publicado em 2019, foram analisados 52 relatos clínicos sobre lesões associadas aos espirros que foram descritos na literatura. 

O trabalho concluiu que existe “uma variedade de lesões que podem ocorrer durante o espirro, especialmente quando ocorre uma tentativa de espirro com as vias respiratórias fechadas”, podendo a pressão afetar as vias superiores e inferiores, assim como o crânio, a órbita ocular, o ouvido e o sistema vascular.

O aumento da pressão do ar pode estar associado a casos de pneumotórax, uma condição que ocorre quando o ar passa para a zona entre as duas membranas finas que envolvem os pulmões (chamadas pleura).

Mas não é a única situação:  “Na laringe, uma área onde passa o ar e a pressão aumenta com o espirro, pode ocorrer uma rutura das cartilagens ou a distensão dos músculos, levando a uma entrada de ar em locais onde não é suposto”, adianta Tiago Alfaro. 

No que diz respeito aos ouvidos, a pressão pode provocar infeção nos canais auditivos ou até, em casos mais graves, levar a uma rutura do tímpano. Por outro lado, suster um espirro pode estar também associado a danos no músculo do diafragma.

As lesões associadas a suster um espirro entram no campo das possibilidades, mas, nos raros casos em que acontecem, podem ter consequências graves. Pode causar fratura de ossos, nomeadamente nas costelas ou na estrutura óssea da face, principalmente em pessoas com situações prévias de osteoporose. 

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“Se uma pessoa tem um aneurisma, quando se sustém o espirro, as pressões podem levar a uma rutura do aneurisma ou de outros vasos no cérebro, provocando um AVC hemorrágico”, alerta o pneumologista. 

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O vice-presidente da SPP sublinha que “o espirro é algo muito frequente”, com “milhões de pessoas a espirrar diariamente e, ocasionalmente, a susterem o espirro”. Contudo, “na maioria dos casos, não ocorre problema nenhum”.

Apesar da raridade, a recomendação médica passa por não suster um espirro. Tiago Alfaro lembra que, quando a pessoa se prepara para espirrar, deve “cobrir a boca com um lenço e deixar libertar a pressão”.

28 Set 2023 - 11:14

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